Paulo Freire e seus críticos

Confesso que eu era bem ignorante sobre Paulo Freire, embora algumas informações sempre me fizeram respeitá-lo. Agora, ao terminar a leitura do volume sobre Paulo Freire da série “História da Pedagogia”, confesso que entendo menos mas também entendo mais as “críticas” sem embasamento que ele recebe.

Sim, as críticas sem embasamento. Pois há como se tecer críticas embasadas e nisso o próprio Freire se assume compreensivo.

O problema é que há várias teses em Paulo Freire. Quem se diz contra o nome com absoluta certeza jamais conheceu nenhuma delas. Com certeza só é contra porque ele se dizia de esquerda e sua visão é clara na questão da luta de classes que muitos julgam não existir ou ser irrelevante.

Entendo menos as críticas pois em geral partem de pessoas que Freire defende. Oprimidos. De pessoas que muitas vezes vão repetir reflexões de Freire mas que não aceitariam ser dele. De pessoas que deveriam usar as reflexões para mobilizar sua classe em rumo a uma transformação que é desejada.

Mas também entendo mais. Essas pessoas não tiveram uma educação libertadora. Muitas são viúvas do sistema educacional da ditadura, onde a reflexão sobre seus próprios problemas não era a intenção, mas sim uma educação mecânica, direcionada a resolução do problema e não na reflexão de sua origem. Muitos desses críticos querem que alunos sejam ensinados a preencher um formulário de imposto de renda, mas não que sejam levados à reflexão de que a renda desigual gera violência.

Sim, algumas ideias de Paulo Freire podem ser criticadas. Ele não está acima de críticas. E jamais pediu por isso. Mas em ler pelo menos esse pequeno livro que li, qualquer crítica é ad hominem, uma crítica por ele ser quem é e não pelo seu pensamento. É uma crítica do oprimido pelas palavras do opressor. Vem de pessoas que mais do que qualquer outras, precisam dos ensinamentos de Paulo Freire.

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