Esta é a pergunta que me vem na cabeça a cada edital novo aberto pelo nosso órgão de fomento principal.
A possibilidade de enviar uma proposta para bolsa de Produtividade em Pesquisa na área de Divulgação Científica me deu uma animada este ano. Quem sabe eu tente algo nesta linha, pois nas demais não adianta. Pelo menos até agora não tem adiantado.
Apenas para ilustrar a última, há alguns meses postei aqui o resumo da proposta que enviamos em conjunto com o pessoal de Sistemas de Informação. A proposta foi recusada baseada em um parecer de um sujeito que simplesmente não leu sequer o resumo.
O parecer foi o seguinte:
“A proposta não atende ao objetivo da Chamada, uma vez que não prevê a efetiva informatização e disponibilização de dados referentes à Coleção Biológica. O projeto é focado no desenvolvimento de software em caracter experimental para gerenciamento de dados na instituição.”
No resumo da proposta, o que prova que nem isso o sujeito sequer leu, está escrito:
“Neste sentido, a modernização do acervo com sua informatização completa e disponibilização pública torna-se uma meta primordial para a continuidade de suas atividades. Com o apoio de docente e alunos do curso de Sistemas de Informação da UFV-CRP, a presente proposta visa justamente informatizar a coleção do LaGEEvo, bem como facilitar os processos de geração de relatórios para o SISBio (IBAMA), integração com o Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr), e demais necessidades dos pesquisadores, bem como oferecer plataformas via web para busca e geração de relatórios por parte de pesquisadores de outras instituições ou mesmo o público em geral.”
Obviamente entrei com pedido de reconsideração exemplificando exatamente este ponto, mostrando que a minha proposta não foi avaliada de modo adequado. O mínimo que deveria ter sido feito é enviado a outro avaliador, mas é claro que não foi.
Qual foi a resposta do pedido de reconsideração? Aqui:
“Em que pese os argumentos trazidos à reconsideração, já considerados pelo comitê, não há indícios de falhas na análise realizada. Desta forma, a COPAR mantém o indeferimento, considerando que houve propostas mais bem avaliadas que esta.”
É óbvio que houve propostas mais bem avaliadas!!! Se a minha tivesse sido sequer avaliada eu não teria pedido reconsideração! Demonstrei claramente que o revisor não leu sequer o resumo e baseou-se em sabe-se lá o que para dar uma nota que a Comissão usa para o ranking das propostas e estabelecer quais são mais bem avaliadas que quais.
Um sistema que permite o pedido de reconsideração mas também não lê o que se escreve para justificar o pedido de reconsideração e não tem mecanismos para avaliar, é inútil e omisso.
E assim o CNPq segue apoiando os mesmos de sempre e seus amiguinhos, que dão pareceres favoráveis e belíssimos para quem puxa-saco. Afinal, dizem por aí que quem não puxa-saco puxa carroça. Sigo puxando a minha, mas com a consciência limpa.