Desculpem, escrevi no texto anterior que seria a última republicação, mas não foi. Esta vai ser. Mas só porque não tenho este texto em nenhum outro lugar. Este foi um dos meus primeiros ensaios, publicado ainda em 2000 em ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente, em nosso antigo site Biology News que mais tarde foi mudado para Biociência.org (e que em breve será Biologia na Web). Foi recuperado do site Portal Amigos da Natureza (modificado) e do Fórum Valinor, pois eu já não tinha mais o arquivo guardado depois de tanta mudança em nosso website.
Ano 2000. Véspera de um novo milênio. Alta tecnologia, clonagem, transgênicos, plástico biodegradável, alternativas para o isopor. Nunca se viu tamanho avanço na ciência em tão pouco tempo.
Infelizmente, em relação ao meio ambiente este avanço continua pouco visível. Embora iniciativas de pesquisas sejam feitas, a aplicação de tudo isso continua restrita ou até parada. Não vemos no nosso dia a dia o plástico biodegradável, nem o provável substituto do isopor. A própria coleta seletiva de lixo, com seu posterior tratamento e reciclagem tem encontrado dificuldades para se difundir a todos os municípios de maneira adequada.
Satélites monitorando as variáveis ambientais, denunciando devastações, queimadas e poluições têm sido utilizados. No entanto, pouco vemos sobre a aplicação das leis ambientais sobre as grandes empresas poluidoras. A não ser em casos isolados, como no último acidente com a Petrobrás.
Descasos ao meio ambiente, de grandes ou menores proporções, são diariamente relatados e observados por todos, não nos cabe repetir neste momento. Também é desnecessário dizer que o futuro do meio ambiente depende da atuação de cada um, e que cada um deve fazer sua parte. Essa premissa já deve ser conhecida de todos e deve estar no consciente de cada um, que o meio ambiente compreende também a sua casa, seu bairro, sua cidade, e não apenas à Amazônia.
Acho desnecessário repetir que todos devemos separar o lixo para reciclagem, emitir menos poluentes, não desperdiçar água, proteger as árvores, não jogar lixo na rua, etc, etc, etc.
No entanto, a luta pela qualidade de vida deve continuar, individualmente ou em grupo, em casa ou na rua e, principalmente, pelo nosso Governo. É o Governo que deve dar exemplo e, principalmente, os meios para que possamos ajudar nosso meio ambiente. Não adianta termos consciência que devemos reciclar, se nosso município não tem o suporte técnico para isso. E nós temos arma para isso: o voto.
Não entendam esta nota como um discurso panfletário, anarquista, ou como propaganda política da oposição. Infelizmente, ao lutarmos por um mundo melhor, esbarramos na política que é a detentora do poder maior.
Como cientistas, pesquisadores, nós biólogos temos que lutar para preservar o que é de nosso direito. Nosso direito de pesquisar e fazer ciência utilizando o que temos de mais importante em nosso país, a biodiversidade. Não podemos deixar que estrangeiros sejam possibilitados de fazer estas pesquisas e depois venham vender seus produtos obtidos a partir de nossa matéria prima, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Nós somos capazes. Basta termos os recursos necessários à nossa disposição, ou seja, precisamos de incentivos para a ciência e tecnologia não só em relação ao meio ambiente, mas também para as outras áreas.
Queremos comemorar o dia do meio ambiente. Não com discursos evasivos ou propagandas, como sempre é feito pela mídia e pelo governo mundial. Mas com ações, práticas determinadas e incentivo à preservação e à pesquisa.
Boa noite professor Rubens Pazza.
Gostaria de obter sua opinião, quanto aos avanços da ciência na evolução dos transgênicos e a invasão desrespeituosas nos proceitos éticos e morais científicos nas frutas e outros semelhantes, tornando-os infertéis (2º geração sem semente). Hoje no Brasil se comenta muito nas “sementes terminator”, com genes específicos desativados. A tecnologia é a GURT (Tecnologia de Restrição no Uso do Gene), que limitar o uso ou propagação de um material genético específico.
Observei que menciou no post “Teste científico para homeopatia em plantas” que para realizar o plantio de 5 parcelas a partir de uma mesma origem de sementes; cada parcela deverá ser replicada totalizando 3 blocos distribuídos ao acaso.
E se essas “origens de sementes” forem de plantas geneticamente alteradas para não gerar sementes? Como promover uma forma de naturalização em prol de uma sustentabilidade e conservacionismo racional, se a ciência esta invadindo seus próprios preceitos éticos e morais manipulando genes em frutos?
As desculpas do governo é que as frutas SEM sementes são mais saborosas, com aceitação comercial e tempo de prateleira maior e meras desculpas de que frutos partenocárpicos dispensam POLINIZAÇÃO para produção. Faço um adendo ai:
“Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana.” Albert Einstein.
Em frutas cítricas, a produção de frutos sem sementes (genes alterados – GURT), podem haver altos de não necessitar a polinização, porém, como baixo, polinização por pólem morto ou incompatível para produção de sementes:
“Técnicas de linhagens poliploides são inviáveis”
– Nas uvas, as linhagens partenocárpicas verdadeiras são pequenas;
– Linhagens comerciais – Produzidas via stenospermocarpia:
= Linhagens com sementes mal formadas por defeitos na produção de endosperma,
= Cultivo difícil, envolvendo complexos tratamentos hormonais – Problemas pleiotrópicos nos mutantes.
Pesquisas revelam que a produção de frutos com genes responsáveis pela partenocarpia, frequentemente tem efeitos pleitrópicos deletérios (SPINDLY em Arabidopsisou genes pat em tomate), sementes são importantes para o desenvolvimento normal do fruto, disseminação das sementes por aves e animais.
Mas o foco a salientar é a disseminação por aves e animais, invasão genética pela ciência e polinização pelas abelhas.
O professor teria uma opinião formada a respeito do assunto? É contra ou a favor?
Bom, há assuntos demais neste comentário para serem tratados como uma coisa só e dar um veredito simples de contra ou a favor. Há uma mistura de pensamentos sobre tecnologias bem diferentes como a transgenia e o desenvolvimento de frutas sem sementes (até o momento, nenhuma do mercado foi desenvolvida por transgenia).
Há também a questão ecológica de que as espécies normalmente cultivadas são exóticas, ou seja, são invasoras em nosso ecossistema. Isto significa que o ideal seria que não pudessem ser reproduzidas sem a assistência humana.
Enfim, só para responder esta simples questão de ser contra ou a favor, seria necessário fazer outra postagem do blog. Entretanto, eu já respondi a boa parte destas questões no Fórum Clube Cético.
Qual a opinião do professor a respeito da “polinização”, problema causado pelas frutas trangênicas inférteis e seu resultante para o ecossistema e para colônias de abelhas?
Como mencionei acimia, não sou a único a salientar a importância das abelhas no ecossistema, Albert Einstein, dá a impressão que emitiu um aviso quando mencionou a respeito de tais. Acho que ele não estava só promovendo o mel que tanto consumimos. Mas uma filosofia do que poderia vir, caso fossem criadas frutas inférteis trangênicas.
Para as abelhas não faz diferença se a planta se reproduzirá ou não. Até por que, o que importa para elas é a flor.
Para se ter um fruto ou ainda uma baga de semente (no caso de leguminosas) que é em geral o objetivo do cultivo, é necessário que haja flores e que estas flores sejam fecundadas. Assim, se ela for polinizada por abelhas (nem todas o são), continuará sendo polinizada por abelhas.
O que você não entende é que estamos falando de uma planta para cultivo, que o próprio homem plantará novamente, independente de onde obtenha a semente. Nós mantemos estas linhagens e, se for o caso, mantemos também as abelhas.
Ou seja, para estas abelhas isso não tem importância. O fato de cultivarmos espécies exóticas é mais importante do que suas sementes serem férteis ou não quando estamos falando de cultivo humano para alimentação.