O PMDB e a valsa dos partidos

Um amigo postou no Facebook este texto de Ricardo Marino, intitulado “A valsa dos partidos, de Collor à Dilma“, mostrando como foi a tendência nas votações do legislativo desde 1991 até agora. O texto tem animações e estatísticas bem interessantes e vale a leitura completa. Fica aqui um pequeno resumo e uma pequena análise de parte dele.

A dança entre base governista e oposição da dicotomia PSDB-PT é bem visualizada na dança dos partidos, especialmente durante a transição entre FHC e Lula, o que seria esperado. Apesar de algumas mudanças nas bases aliadas entre os pequenos partidos, não há nada muito fora do que se esperara.

Achei particularmente interessante, entretanto, um ponto notado pelo autor que assemelha o início do governo Collor/Itamar com a metade em diante do governo Dilma. O início do governo Collor é marcado por um legislativo difuso, talvez o motivo pelo qual Collor foi deposto: não tinha uma base aliada forte. Na sequência, o vácuo no poder com a entrada de Itamar foi marcada por uma pequena base governista e dois outros grupos, um com o PT e seus aliados e outro com PSDB e PMDB (entre outros aliados), aliança esta que acabou por montar a base aliada do governo de FHC. A semelhança com o final do mandato (agora podemos dizer “do primeiro mandato”) de Dilma eu retomo a seguir.

A transição de FHC para Lula é algo fantástico, pois enquanto PT e PSDB (e seus alinhados) trocam de posição situação/oposição, boa parte do PMDB permanece apoiando o governo. O autor destaca que analisou apenas os deputados que se reelegeram, ou seja, de um ano para o outro tiraram a camiseta azul e amarela tucana e vestiram a vermelha. E sabemos que o PMDB se manteve, inclusive sendo parte da chapa nos mandatos de Dilma.

Entretanto, a partir de 2012 o PMDB começou um movimento interessante, desviando um pouco da base governista e formando, novamente, um terceiro bloco, semelhante ao que havia acontecido quando Collor foi deposto. Interessante, não? O que mais podemos adicionar a estes dados? Que tal as próprias eleições presidenciais? Enquanto o PMDB estava bem alinhado com o governo, as eleições foram tranquilas para o PT. Mesmo sempre indo ao segundo turno, jamais tiveram o aperto que foi esta eleição, onde até o dia das eleições nada parecia definido. Como o autor cita, parece “como se o PMDB decidisse formar sua própria base aliada e não convidasse Dilma para a festa”.

Não é à toa que um grupo de parlamentares do PMDB preferiu apoiar Aécio. O PMDB estava nitidamente planejando o “golpe”. Iria se manter no poder de qualquer forma, Aécio vencendo ou vencendo Dilma. Analisando as votações no primeiro mandato de FHC o autor questiona “se o PMDB segue os movimentos da câmara ou se os define”. Pois bem, será que o PMDB percebeu a possibilidade real de um candidato oposicionista vencer as eleições e preparou o bote para aguardar a nova base governista ou será que o PMDB forçou a uma situação de mudança de rumo que culminou neste equilíbrio das urnas? Será que esta tendência de dissociação se mantém no segundo mandato de Dilma ou o PMDB volta? Qual seria o custo político disso?

Resta-nos acompanhar o desdobramento disso a partir do ano que vem. PT e PMDB perderam deputados. Será que o PT vai conseguir organizar uma coalizão com vários dissidentes importantes? Aguardemos os próximos capítulos.

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PS: É interessante notar o comportamento do PSOL, que segundo as análises do autor, suas votações são indistinguíveis de um parlamentar PSDB típico. Sabemos que PSDB faz oposição por oposição, votando contra apenas por ser do contra, mas será que o PSOL está também nesta estratégia ou será que nada que foi votado até o momento foi relevante para a ideologia do partido?

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